7 de fevereiro de 2010

Rio Ave-Leixões, 2-0

Rio cheio, Mar revolto. Festa nos Arcos com dois golos de Bruno Gama na segunda metade, para desespero das aflitas gentes de Matosinhos (2-0). O Rio Ave chegou às meias-finais da Taça de Portugal e continua a fazer uma bela campanha na Liga. Alívio de Adriano, o médio que roubou um tento a Gaspar logo após o intervalo.

O Leixões promoveu uma iniciativa que teve um enorme sucesso do passado. Contudo, desta vez, a caravana de bicicletas desde Matosinhos chegou a conta-gotas, por falta de aderentes. Outros tempos, outras vontades. Cenário preocupante.

O Rio Ave procurava capitalizar o saboroso apuramento para as meias-finais da Taça de Portugal, obtido através de castigos máximos no reduto do líder Sp. Braga.

A partida começou aos trambolhões, tamanha a ansiedade que se apoderou de duas equipas com saudável historial de rivalidade. Gentes dos mares e da pesca, vila-condenses e matosinhenses atingem outros níveis de motivação quando surge uma disputa. No futebol, ainda mais.

A equipa de José Mota entrou melhor no encontro, galvanizando-se pelo apoio de cerca de um milhar de adeptos. A aposta da juventude, sempre alvo de aplausos num campeonato repleto de importações com qualidade duvidosa, vai rendendo alguns frutos. Seabra e, especialmente, Fábio Espinho têm potencial para justificar apostas continuadas.

O Rio Ave passou a primeira meia-hora com o tal Espinho encravado na garganta. O irrequieto extremo lançou um punhado de ameaças mas falhou sempre no capítulo do remate. Ao minuto 35, colocando um ponto final no marasmo, Fábio Espinho falhou uma soberana oportunidade de golo, tocando para fora à boca da baliza, após excelente cruzamento de Seabra.

A formação vila-condense respirou de alívio e arrepiou caminho. Zé Gomes e Bruno Gama, como sempre, inclinaram o jogo do Rio Ave para a direita, tirando cruzamento após cruzamento. Faltava João Tomás, a saudosa referência aérea, agora explorada por Manuel Cajuda nos Emirados Árabes Unidos.

Ao minuto 38, após cruzamento na direita de Zé Gomes, Tarantini surgiu na zona de ponta-de-lança a finalizar, não logrando acertar na baliza à guarda de Diego. Adivinhava-se uma etapa inicial sem golos.

O Rio Ave entrou melhor na etapa complementar, com dois novos elementos em jogo. A luz artificial, num final de tarde frio, e a chuva miudinha. Os adeptos clamavam por melhor futebol e golos. Eles surgiram, mas o primeiro de nada valeu. Será difícil explicar, em poucas palavras, o que aconteceu ao minuto 52.

Na sequência de um lance de bola parada, Gaspar surgiu ao segundo poste a cabecear a bola para lá do alcance de Diego. A baliza estava à mercê, os vila-condenses já deixavam as cadeiras para trás, mas Adriano decidiu dar aquele toque de puro egoísmo, em cima da linha de golo. O médio brasileiro, que substituíra o amarelado Vilas Boas na etapa inicial, surgiu ali por manifesta posição irregular. Golo anulado, ora pois, para desespero do bom gigante Gaspar.

Adriano fartou-se de pedir desculpas pelo acto irreflectido, temendo a perda de pontos por tamanha ousadia. Bruno Gama viria a apagar a imagem desse desperdício, na cobrança irrepreensível de um livre directo (71m).

O craque do Rio Ave materializou o ascendente dos locais, segundos depois da saída de Fábio Espinho, a esperança leixonense, resolvendo o jogo pouco depois. Bis após tabela com Chidi (81m). Um justo prémio para a sua qualidade.

Bruno Gama

Dois golos na recta final do desafio vieram coroar uma exibição a que faltava claramente semelhante tónico. Abriu o activo de livre directo e bisou, após boa combinação com Chidi. Mas, antes de assumir protagonismo máximo, já tinham vindo dos seus pés os lances mais vistosos do conjunto da casa. Forma com Zé Gomes uma das melhores alas direitas do campeonato.

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