
O Benfica foi a Vila do Conde conquistar mais três pontos, de novo graças a um lance de bola parada e, apesar das dificuldades sentidas, volta a encostar ao Braga na liderança da Liga Sagres. Jorge Jesus bem tinha avisado que esta podia ser uma das mais complicadas deslocações da época, mas certamente não esperava a pálida exibição da sua equipa durante a primeira parte. Longe do Benfica pressionante e dominante de outras ocasiões, a formação encarnada foi incapaz de dominar a contenda, enquanto um Rio Ave pleno de personalidade e com a lição bem estudada ameaçava seriamente a estratégia dos lisboetas.
Sem a dinâmica habitual e com muitos erros nas transições ofensivas, os visitantes não conseguiam entrar no ritmo ofensivo e perdiam sistematicamente a posse de bola em zonas que facilitavam o contra-ataque dos anfitriões. O Rio Ave recuperava com facilidade e encontrava muitos espaços no corredor central para progredir no terreno, ou para, a partir daí, lançar as desmarcações dos extremos, Bruno Gama e Sidnei. O 4x3x3 de Carlos Brito era o sistema ideal para aplicar esta receita e a figura imponente de João Tomás no centro do ataque uma fonte de preocupação constante para o eixo da defesa da águia, onde Luisão e Miguel Vítor eram sistematicamente batidos pelo ar. O escasso à-vontade encarnado nos Arcos ficou ainda mais evidente num lance que serve de paradigma do ocorrido no primeiro tempo: aos 33', Maxi Pereira perde, de forma infantil e arriscada, para Sidnei, que fica isolado frente a Quim, valendo apenas a falta de pontaria do vila-condense, perante o desespero de Jesus, que não escondia o desagrado a partir do banco de suplentes.
Deve, por isso, ter sido interessante a conversa que o técnico teve com os seus pupilos no balneário, até porque foi, certamente, eficaz. É que o Benfica voltou para a segunda parte com outra atitude, abordou o encontro com muito maior agressividade e foi de imediato recompensado através do recurso a uma arma conhecida, mas difícil de contrariar: os lances de bola parada. Praticamente a abrir as hostilidades, aos 47', chegou ao golo na sequência de um canto e tudo se tornou mais fácil no caminho para a vitória, sobretudo porque o tento sofrido afectou sobremaneira os homens de Carlos Brito. Só então o controlo e o domínio do jogo passaram a ser posse dos encarnados que, ainda assim, nunca criaram o volume ofensivo que tem sido seu apanágio na presente época, o que deixava a porta aberta a um lance fortuito que conduzisse ao empate - por pouco não surgiu, aos 63', quando a bola sobrou, em plena área, para o pé esquerdo de Adriano, em excelente posição para marcar, mas com pontaria idêntica à evidenciada por Sidnei no primeiro tempo.
Certo é que o triunfo, porventura essencial às ambições dos senhores da Luz, não escapou e a relevância da vitória torna-se ainda maior pelas dificuldades enfrentadas na tentativa de o obter. O Benfica entra, assim, na segunda volta do campeonato com os mesmos pontos do líder e em excelente posição para prosseguir a luta por um título que lhe escapa desde 2004/05.
Há que destacar, contudo, uma nota preocupante: a total nulidade do flanco esquerdo durante toda a partida: César Peixoto e Di María nunca se entenderam, nem um com o outro, nem tão pouco consigo próprios, deixando em Vila do Conde uma pobre imagem do seu valor. Um dos motivos da qualidade duvidosa da exibição encarnada foi a dificuldade de criar um bloco coeso com uma equipa coxa de um flanco. Mas quem tem Cardozo e Saviola... arrisca-se a ganhar.
Rio Ave 0-1 Benfica
Estádio do Rio Ave FC
relvado mau
10 mil espectadores
Árbitro Bruno Paixão (AF Setúbal)
Assistentes Paulo Ramos e António Godinho
4º árbitro Vasco Santos
Treinador Carlos Brito
74 Mora GR
18 Zé Gomes LD
2 Gaspar DC
5 Jeferson DC
23 Fábio Faria LE
14 André Vilas Boas MD
30 Wires MD a 56'
10 Vítor Gomes MO a 79'
77 Bruno Gama AD
19 Sidnei AE a 60'
9 João Tomás AV
-
1 Pedro Trigueira GR
3 Ricardo Chaves MD
17 Adriano MO d 56'
35 Tarantini MO d 79'
7 Wesllem AV
35 Chidi AV d 60'
4 Evandro AV
amarelos 50' Vítor Gomes, 70' Fábio Faria, 83' André Vilas Boas
vermelhos Nada a assinalar
Jorge Jesus Treinador
12 Quim GR
14 Maxi Pereira LD
4 Luisão DC
28 Miguel Vítor DC
25 César Peixoto LE
6 Javi García MD
17 Carlos Martins MO a 67'
8 Ramires AD
20 Di María AE
30 Saviola AV a 84'
7 Cardozo AV
-
13 Júlio César GR
22 Luís Filipe LD
15 Roderick Miranda DC
10 Aimar MO d 67'
18 Fábio Coentrão AE d 84'
19 Weldon AV
21 Nuno Gomes AV
Golo
[0-1] 48' Saviola
amarelos 53' Carlos Martins, 80' César Peixoto
vermelhos Nada a assinalar
Sem comentários:
Enviar um comentário